domingo, 15 de maio de 2011

O que a educação na Finlândia tem a ver com a crise em Portugal

Há 2 anos a BBC fez uma interessante reportagem sobre o sistema de educação Finlandês (podem ouvi-la aqui). Essa reportagem ocorreu-me há dias ao ler uma entrevista sobre assunto semelhante no público (podem lê-la aqui). O que me desperta atenção não é o tema da Educação em si (importante que ele seja), mas o sentido de rumo nacional e o sentimento de coragem que lhe estão subjacentes. Acho que são algo que devemos ponderar no nosso país. Especialmente na altura de escolhas difíceis que enfrentamos.

Em resumo: ao contrário do resto do mundo, os Finlandeses só aprendem a ler aos 7 anos. Também não parecem ter problemas em ter as escolas todas iguais e estandardizadas. Há razões bem fundamentadas para isso. Mas é notória a estupefacção do jornalista da BBC (e minha) ao ouvir pela primeira vez estes factos. Significativa é também a resposta da representante do Governo Finlandês à questão se "não achava estranho que no resto do mundo se aprendesse a ler cada vez mais cedo e na Finlândia mais tarde?". A resposta dela foi simples. "Sim é estranho, mas nós estamos certos". De facto, a Finlândia decidiu, contra as teorias dominantes no resto do mundo, que havia de ter as escolas todas iguais e de ensinar os seus miúdos a ler mais tarde. Não sei se houve muita contestação dos pais a esta opção ou não - que quanto a mim terá arriscado a educação de toda uma geração - mas o certo é que teve a coragem e confiança de ser diferente, de inovar. E tem hoje um país cuja educação é consistentemente elogiada por todos e surge no topo da tabela dos PISA.

Em Portugal, fala-se muito de inovação. Mas será que verdadeiramente inovamos? Será que temos a mesma coragem de inovar? Ou fazemos apenas uns embelezamentos no caminho que outros traçaram?

Note-se o acordo com a troika (MoU). Sabemos da experiência grega e irlandesa o que vai causar, mas submetemo-nos a ele. Mas paremos um pouco para pensar. E se o que realmente Portugal precisasse de algo diferente? Será que não existem outras políticas mais adaptadas às nossas especificidades e que resolvam melhor a nossa situação? Onde está a coragem, o enfrentar riscos, e a inovação? Sinceramente, não percebo. Se do CDS-PP ao PS todos sabem que o MoU é péssimo porque é que o sentimento dominante é que devemos aceitá-lo como inevitável e cumpri-lo à risca? Porque é que não existe nos políticos, e sobretudo em nós eleitores, a coragem e a independência dos Finlandeses? Não é apenas uma questão de dinheiro, é uma questão de vontade.

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