sexta-feira, 26 de agosto de 2011

sobre os impostos dos ricos

Ouvi ontem nas notícias que os ricos dos países ricos têm emitido declarações no sentido de darem o seu contributo para os esforços de austeridade...

...mas o grave é que

a) os governos não os tenham chamado a dar esse contributo (a quem servem eles?)
b) os governos corram agora a legislar esse contributo (a quem servem eles?)
c) o contributo seja definido pelos ricos (o "povinho" tem os seus impostos definidos pelo governo, os ricos definem os seus impostos?)

e não deixa de ser interessante a atitude. As escandaleiras economico-financeiras têm sido tão grandes, e a complacência dos governos tão grande, que ou bem que os ricos tomam medidas para atenuar um pouco a conflitualidade social ou terão bem mais a perder que o contributo que agora aceitam dar. Por outro lado, não deixa de ser evidente o paternalismo dos ricos, enriquecidos à custa de sucessivos governos, que vêm agora chamar a atenção para que nunca os taxaram.

Finalmente, este é apenas mais um exemplo de algo mais interessante. Aos que pensam que o capitalismo cairá de morto pelo frenesim da austeridade, o capitalismo responde "e no entanto eu movo-me" (Galileu, adaptado). De facto, constata-se que a esquerda ficou subitamente atarantada (credo, meu Deus, que ideia é essa de nos minarem por antecipação o nosso clássico argumento de que "os ricos que paguem a crise").

E a triste verdade é que, este tipo de declarações funciona. Ele está para a conflitualidade social como o prozac está para a tristeza. Deixa as questões na mesma, mas alivia. É assim uma espécie de abaixamento esporádico da nossa taxa de juro a 10 anos, mas com efeitos . E o problema é que as questões se agravam.

Tenho para mim que os dias que correm são uma gigantesca experiência social. A população vai caminhando alegremente para a escravidão, alimentada a prozac, ipods, viagens low-cost, futebol e revistas cor-de-rosa. Confesso que tenho alguma curiosidade de seguir de pesto o caminho para este nova forma de maximização do rendimento. Populações escravas, que lhes compram os remédios que constantemente atenuam os efeitos escravidão...

Enfim, mas isto são outras histórias...

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