sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reflexões sobre "Os ricos que paguem a crise"

"Os ricos que paguem a crise" é uma das frases mais ouvidas na esquerda tradicional.

Mas, questionemo-nos. Admitamos que existe uma crise. Querer que os ricos a paguem, não é aceitar que eles sejam ricos? e com isso aceitar todo o regime de exploração e sistema que lhes permitiu enriquecer?

E admitamos que eles a pagam, aceitaremos então que que eles continuem a ser ricos desde que se comprometam a pagar as crises que forem surgindo?

Digo isto para vincar um ponto. Não interessa quem é que paga ou deixa de pagar esta crise. Em ultima análise, não interessam sequer as suas consequências. O que interessa é a sua raiz, as suas causas. É nisso que me parece que importa pensar. "No es la crisis, es el sistema" é uma frase que me cativou o ouvido e cujas multiplas nuances continuo a analisar.

Com isto, devem pensar que me tornei um insensivel social. Penso apenas que toda a pobreza e miséria que existe (e toda a que por aí vem) já está escrita e sabida vai para meses, anos, dezenas de anos, mesmo. E sei que para ela, múltiplos prozacs tem existido e existirão ainda (porque o capitalismo "se move"). Mas solução duradora, democrática, de longo prazo, é que não...e contribuir para ela, começar a pensar nela, é a melhor ajuda que a esquerda pode dar às múltiplas gerações que ainda passarão fome...

Esta passagem, do pensamento na geração actual para um pensamento de multi-geracional, de longo prazo, é particularmente dificil nos dias que correm. Dificil, curiosamente, porque o sistema capitalista tem impregnado as consciencias de imediatismo e individualismo, levando ao quase completo desaparecer do pensamento filosófico...

...sobre isto, muito mais se poderia escrever. E continuará a ser escrito. Necessidades imediatas imperam sobre mim neste momento (irónico, não)

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